POEMA DO ASTRONAUTA

Para Yuri, meu filho

Na imensidão do cosmo

Onde moram as estrelas

E os asteróides

Ele olhou cá para baixo

E disse em êxtase:

A terra é Azul!

É tudo tão belo

Mas Deus não está aqui

Procurei por toda a parte...

Estava composto

O primeiro poema

No espaço sideral.

Pobre e glorioso Gagarin

Que tão deslumbrado

Não percebeu

A presença de Deus em seu redor

Quando bastava olhar para dentro

De si mesmo!

E quanta surpresa

Enxergar a Terra

Em azul despojado de impureza

E de tantas mazelas que o homem criou

Mas dia virá

Em que todos, aqui mesmo,

Verão a Terra em azul

Como apareceu ao cosmonauta

A milhares de quilômetros!

E neste dia de glória

Todos dar-se-ão uns aos outros

De corpo e alma,

Corações e mentes

Comunhão total

Libertação.

E não mais será precisa

A procura física de Deus

Bastará olhar contrito

Para dentro de si mesmo

Como não fez Gagarin

Ou contemplar seu semelhante

E a Natureza mãe

Com tudo mais que a rodeia.

Em 1980