O Cavaleiro da Estrela Guia

“– No céu, como os anjos.

– No inferno, como os demônios! [...] – E na terra, como os homens. [...]”

(O Cavaleiro da Estrela Guia – Rubens Saraceni)

A quem, com Fé, guarda Deus no coração

E ser um de Seus pescadores de almas aceita

Cumprindo fiel e honradamente sua missão,

A paz interior, após toda queda, será refeita.

Não se pode, de um ser, apagar o passado

Porque nos chama à razão nossa origem ancestral

E, mesmo à revelia, temos de atender o chamado,

Pois o Destino se cumpre até o ponto final.

Deixou-se o Cavaleiro pela ignorância ser consumido

E a chaga do parricídio abriu-se em seu peito

Soube depois que, na verdade, fora vilmente traído

Por quem, a quem, dedicava grande respeito.

Despedaçado em seu íntimo, sem rumo partiu

Levando consigo implacável juiz: sua Consciência

Isolou-se, fechou-se ao mundo e assim prosseguiu

Pensando jamais ser capaz de pagar sua penitência.

Mas como é inútil fugir ao que o Criador escreveu,

Um dia, em divagações profundas em frente ao mar,

Da linda Sereia Rainha uma bela dádiva recebeu

E, com o brilho da Estrela, tudo começou a mudar.

Por onde passava, colecionava vitórias e corações

Curas e amigos; e tudo em nome do Amor

Mas do Amor que escapa às humanas intenções

E atende, pleno e puro, aos desígnios do Criador.

Correu o mundo, curou enfermos, mudou de nome

E quanto mais fugia de si, em sua dor se aprisionava

Buscando purgá-la ao matar, a alheia fome

E quanto mais fazia, para mais a Vida o chamava.

Pela Terra, em sua longa, bela e árdua caminhada

Ao lado de suas inumeráveis ações pelo e para o ser humano

O crime, que se lhe imputara, era como uma alma penada

Que o perseguia dia a dia, mês a mês, ano após ano.

Viveu, ensinou e aprendeu com os negros escravos,

Com os índios, brancos, judeus, ricos e pobres

Lutou pela Justiça do Amor, sem conchavos,

Doando-se e encontrando-se nos que julgava nobres.

Era simplesmente o seu destino se cumprindo,

Aumentando o crédito perante a Lei Divina

E, por combater as trevas, grandes inimigos adquirindo,

Porém, sempre amparado pela Luz Cristalina.

Tendo cumprido a sua missão terrena

E dela colhido as flores e os espinhos

E sua existência na carne valido a pena

Foi chamado a seguir por outros caminhos.

O Pescador, o Cavaleiro e Mago da Estrela Guia

Reiniciava, do lado verdadeiro da Vida, sua jornada

Mas o passado ainda cruel o perseguia

E assim mesmo sua nova luta foi iniciada.

Foi ajudado, ajudou, sorriu, chorou, amou e foi amado

Reencontrou amigos e amores e deles se afastou

Percorreu o Astral, sendo de novo testado

E apesar das provações, a perdoar-se demorou.

Conheceu Mestres e aprendeu os Mistérios da Criação

Tornou-se também um Mestre da Luz e, de verdade,

Aos poucos foi pacificando o seu múltiplo coração

E assim, perdoando-se e conquistando felicidade.

No entanto, não era uma simples e pacata vida

Que Deus, para ele, havia há muito, escrito

E como um discípulo que do Mestre nunca duvida

Continuou a lutar, sempre protegido pelo Nome Bendito.

Mergulhou e resgatou espíritos das trevas profundas

Foi ferido e feriu quando houve necessidade

Viu e derramou lágrimas de dor e alegria oriundas,

E sempre, por tudo, agradecia à Divindade.

Mergulhou também no distante passado de sua existência

Para compreender o porquê de sua eterna luta.

Viu que estava eternamente fadado à intermitência

De momentos de grande paz e outros de ferrenha disputa.

Entretanto, como só Deus é perfeito no Universo,

E no afã altruísta de vencer, sozinho, a Maldade

Foi desarmado, conhecer o reino do grande Perverso

E cedeu, diferente de Narciso, às tentações da Vaidade.

Por fim, caiu! Mas não como caem os que temem a morte

E sim como os que a enfrentam esperando vencê-la

Sempre com Fé e honrando quem Lhe deu um norte,

Protegido pela Espada e guiado por sua Estrela.

Mais uma vez Deus nos mostra Sua Justiça

Porque àqueles que vivem e morrem como o Cavaleiro

A morte inexiste e a Vida é a única premissa

Inalcançável a quem tem o coração traiçoeiro.

A lição que nos fica de sua gloriosa saga

É que devemos, tanto na carne, como em espírito,

Guiar-nos sempre pelo Amor e Fé, que nunca se apaga,

Do Grande Criador de tudo no Universo infinito.

Cícero – 12/12/2014

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 16/12/2014
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