Alma Liberta

Em óssea e carnal gaiola aprisionada

Clama a alma por sua plena liberdade

E começa a debater-se desesperada

Ferindo-se ante tal impossibilidade.

Se, de repente, da nevrálgica prisão,

Abre-se, de súbito, a sanguínea porta

Prendem-lhe as correntes da convenção

Pelos pés; e a fuga dolorosamente aborta.

Embalde agita-se a alma engaiolada

E, presa ao convencionalismo lodacento

Do mundo que aprisiona sua prisão encarnada,

Agarra-se às frias grades do sofrimento.

Eis que, confiante na pandórica esperança,

Desiste da luta contra o seu exterior

Recolhe-se para si com perseverança

E aprende a transmutar em Bem a Dor.

Assim, resigna-se! Acalma-se a prisioneira

Por saber-se eterna na Existência Bendita

E Divina, enquanto sua prisão, a carcereira

Da liberdade, é apenas divinamente finita.

Resignada, comunha-se com seu algoz

E a esperada liberdade vem na hora certa

Da Vida, encontrando-se a nascente e a foz

Na máxima: corpo morto, alma liberta.

Cícero – 23-07-2015

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 23/07/2015
Reeditado em 22/08/2015
Código do texto: T5320849
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