Alma Liberta
Em óssea e carnal gaiola aprisionada
Clama a alma por sua plena liberdade
E começa a debater-se desesperada
Ferindo-se ante tal impossibilidade.
Se, de repente, da nevrálgica prisão,
Abre-se, de súbito, a sanguínea porta
Prendem-lhe as correntes da convenção
Pelos pés; e a fuga dolorosamente aborta.
Embalde agita-se a alma engaiolada
E, presa ao convencionalismo lodacento
Do mundo que aprisiona sua prisão encarnada,
Agarra-se às frias grades do sofrimento.
Eis que, confiante na pandórica esperança,
Desiste da luta contra o seu exterior
Recolhe-se para si com perseverança
E aprende a transmutar em Bem a Dor.
Assim, resigna-se! Acalma-se a prisioneira
Por saber-se eterna na Existência Bendita
E Divina, enquanto sua prisão, a carcereira
Da liberdade, é apenas divinamente finita.
Resignada, comunha-se com seu algoz
E a esperada liberdade vem na hora certa
Da Vida, encontrando-se a nascente e a foz
Na máxima: corpo morto, alma liberta.
Cícero – 23-07-2015