Pequeno panteão africano

Olorum, que a tudo criou, deu a Oxalá

A função de criar a Vida na Terra

E ordenou que aqui fosse harmônico como lá,

No Orum, e que houvesse Paz e não Guerra.

Mas também deu o livre arbítrio a cada ser

Para cada um tomar as rédeas do próprio destino

E plantar tudo o que quisesse ter

E colher tudo também, seja retidão ou desatino.

Deu a Oxum o Amor Incondicional e a Fertilidade

E à Iemanjá a geração amorosa e segura da Vida

Cabendo a Nanã, no fim, com sua lama da Verdade

Decantar todos os excessos antes de nossa partida.

Fez-se necessária a Justiça, limitando ética e moral

Cabendo a Xangô a pena, a pedra e o machado

E a Egunitá o fogo para queimar todo o mal

Assim, o que o machado corta, pelo fogo é eliminado.

A Justiça, para fazer-se cumprir, traz a Lei consigo

Que nos ventos de Iansã e no cavalo de Ogum vem montada

E para combater o cruel e covarde inimigo

Cada um carrega o seu escudo e a sua espada.

Como a Terra aos poucos ficando cheia

A todos precisou-se prover Fartura

E essa Luz que ao corpo alimenta e à alma clareia

Coube ao Conhecimento de Obá e Oxóssi que à ignorância cura.

Para isso, Olorum deu-lhes as matas da Natureza

Onde também está Ossaim, do axé das ervas detentor

Que junto com Aroni, traz-nos a clareza

Para entender a cura como no nosso próprio amor.

A Vida e a Morte são mistérios de Fé

E para regê-las Olorum escolheu Omulu e Obaluayê

E a constante transformação é domínio de Oxumaré

E todos trabalham a saúde e a doença até no que não se vê.

E como guardiões dos nossos vícios e virtudes

Temos os Exus e Pombogiras a cuidar de nossos caminhos

Também de nossos instintos alertando das vicissitudes

E lembrando-nos que os passos são nossos, mas não estamos sozinhos.

Temos ainda os encantamentos de Exu mirim

Que mergulha no âmago dos recônditos mais escondidos

De nosso ser, de nossa alma e traz o fim

Daquilo que nos bloqueia e nos deixa perdidos.

No entanto, tudo isso só tem real efeito

Se nos permitimos à mudança do padrão

Do pensamento e a reforma do interior do peito

Abrindo-nos para pedir e para oferecer o perdão.

Cícero – 05/12/17

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 05/12/2017
Reeditado em 19/03/2018
Código do texto: T6190910
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