Chegada e Partida

Nada, nada é em vão, nem quem voa, voa ao rés do chão

Quando a chuva fica nua

E se joga nos braços da lama

É que fico a pensar

Se não é a água que faz a montanha

Ou as nuvens de roldão

Quem vai, vai com a corrente, quem fica, fica para ser evidente

Num pedaço de verso

Onde o coração bate mais forte

É que fico a pensar

Se o poeta não é como a fonte

Tão doce... E vira uma enchente

Há tanto mistério nos vasos floridos que ornam o cemitério

Quando alguém ali deixa o pranto

Que as velas se dobram caladas

É que fico a pensar

Se o mundo não seria só um caso

Um planeta em adultério

Assim que a dor se despede parece que a vida tem cor

Um naco de tempo ferido

Deixando um abraço inseguro

É que fico a pensar

Nas chegadas e partidas da alma

Como se fosse um resto de amor

Existem felicidades tão felizes, e tantas alegrias sem caridades!

Ai, que cruel a omissão!

Que insana a miséria da fartura!

É que fico a pensar

Se o Criador não esqueceu

De nos sonhos colocar idades.

Nadilce Beatriz
Enviado por Nadilce Beatriz em 09/04/2018
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