Meus olhos
Os meus olhos vêm o que muita gente não vê
Enxergam o mais além e contemplam a dor sem desdém
Rasgados e negros, viajam num mundo só deles
Não esperam por ninguém
Acreditam no inacreditável
Por vezes fecham-se em copas
Imaginam o imaginável
Jogam as cartas todas
Choram e conseguem fingir a dor
Como um bom poeta fingidor
Que vive vidas alheias
Sem medo das tareias
Que leva e nunca se cansa
Mesmo sofrendo, ainda dança
Com regozijo
São os meus olhos,
Que já viram de tudo nesta vida
Mal vivida e pouco compreendida