Breve.

Não se pode segurar o tempo

É difícil saber

A maneira certa

de prender a vida

Assim como a tudo

Que nela houver

Mas, numa tarde qualquer

Acontece de olhar

O vento e a chuva na janela

E guardar no coração

Que nem magia

A chuva que caiu naquele dia

Mesmo sem perceber

A gente vai vivendo

E não enxerga o quanto é triste

O olhar insistente

A buscar somente

O brilhar da prata

Um tosco brilhar que ofusca

A arte da luz do Sol

Que parte e que se reparte

Numa humilde bolha de sabão

E flutua leve, ao sabor da brisa

Mas a pressa de viver

Não deixa ver

Que é dessa simplicidade

Que a vida precisa

E vai ficar eternamente

Se a mão da gente

Pesar feito pluma

Só então se aprende

A repartir a vida

Igual o brilho da espuma

Parte a luz

Com força suficiente

Pra dividi-la e deixá-la ir

Muito tempo se perde

Até que se perceba

Em quanto poder existe

Quando a força da mão é leve

Então

O dom de prender a vida

E vivê-la feliz

Grato a tudo que nela houver

Veja que não importa

O quão breve ela seja.

Edson Ricardo Paiva.