Ainda vivo.

Quando eu morrer, sorriam.

Estarei em bom canto,

nos encantos de Deus.

As preocupações não viverão,

serei apenas a alegria dos céus,

onde o amor é mais vivo do que a própria vida em si.

Quando eu morrer, o que será dos meus poemas tristes?

A alma alvoroçará para guarda-los antes que me vá

para um poema diferente, sem estrofes, sem palavras,

sem sementes....

pois, jamais nascerão.

Quando eu morrer sentirei saudades deste mundo,

Dos amigos mais lúcidos, dos livros que folheei,

Dos amores que amei, das estradas cruzadas,

Dos bons vinhos, da eterna namorada...

desta vida mundana, sim.

Quando eu não quiser morrer, não serei mais tão autêntico

com os sentimentos.

Serei o alarde da alegria,

Ajoelharei frente à ventania dos salões das festas

abertas às orgias e aos prantos,

como um desencanto de quem não quer deixar-se morrer para viver

para sempre.

Faço este poema, cheio de vida,

pensando que ainda me restará muita lida,

e amor e clamor e abraços feito poemas.

Quando eu morrer, levarei comigo outra poesia

que aqui não me é permitido mostrar,

porque ela mora além do mar, além da terra,

onde os versos são a própria rima da fé

e as estrofes, as portas das casas dos anjos

que me hospedarem entre saudades e alegrias

na infinita paz do Senhor, esse Ser da poesia e do encanto.

Poema inédito 15/10/2020

Paulino Vergetti