Escrever

Escrever é conectar-se ao Universo. É fazer do cérebro uma antena que capta energias criativas, derramando-as pelas mãos e encharcando de palavras.

Escrever é dialogar consigo mesmo. Desobrigado da atenção de outros, pode-se ser sincero. Despreocupado com o tempo da fala, pode-se ser calmo. Livre da tirania do tempo, pode-se corrigir; fazendo voltar a flecha atirada.

Escrever é um purgante que “tira-com-a-mão”. Alivia as tensões, faz olvidar as tristezas, enaltece a beleza e enleva as alegrias.

Escrever é como apagar com borracha o desprimoroso e caligrafar em nova linha de tempo o aprimorado.

Escrever é transformar tédio em literatura, sofrimento em poesia e beleza em maravilha.

Escrever é hobby, é profissão, é passatempo, é paixão.

Adornos para a alma, chuva mansa para o espírito, enriquecimento para a mente e, para o solo rico, semente.

Tudo isso é escrever!

Mas não é jogar pérolas aos porcos!

É fazer jardim para borboletas, plantar árvores para os pássaros e aromatizar a casa com o café recém-coado. Vem quem quer, aprecia quem gosta, bebe quem tem sede.

É pintura pra quem pinta, música pra quem toca, escultura pra quem esculpe e amor pra quem ama.

Nas veias correm palavras.

O coração bombeia sílabas.

Escrever é sentir.

Escrita é empatia.

Alfabetizar é dádiva de excelsos.