Prenúncios de Alegrias
(reflexões de fim de ano:)
Chora minha alma constrangida de tanto enfeite alegórico
Serpenteando vida a vida nas mil veredas de teus enganos
Desata de tua desdita crassa em natureza tola estertórica
Desperta, pois é tempo de nova ampulheta e areia dos anos.
Vestiu fartas fantasias nos carnavais de tua longa infância
Nos banhos em letargia supusestes alegrias as vãs quimeras
Lenta mente despe-te da utopia seca o pranto pobre criança
Sempre verde a esperança só gera abundância se amadurece
Leva-me nessa esteira perene vislumbro-te leme não esmorece
Através das brumas navegamos juntos a bússola aponta o norte
Ilusão e paixão foram nossos desvãos agora o trabalho é prece
Abaixei-me ao chão achei a candeia o coração incendeia a morte
Entre os anos e mais anos na multidão de enganos anda a fé
Em cada peito duas contas mesmo terço reza estranho senhor
Ancho inquilino recebe salário imerecido e o gasta como quer
Sorve da taça inglória velho fel, estória de indescritível sabor
Marilú Santana 28/12/2005