Prenúncios de Alegrias

(reflexões de fim de ano:)

Chora minha alma constrangida de tanto enfeite alegórico

Serpenteando vida a vida nas mil veredas de teus enganos

Desata de tua desdita crassa em natureza tola estertórica

Desperta, pois é tempo de nova ampulheta e areia dos anos.

Vestiu fartas fantasias nos carnavais de tua longa infância

Nos banhos em letargia supusestes alegrias as vãs quimeras

Lenta mente despe-te da utopia seca o pranto pobre criança

Sempre verde a esperança só gera abundância se amadurece

Leva-me nessa esteira perene vislumbro-te leme não esmorece

Através das brumas navegamos juntos a bússola aponta o norte

Ilusão e paixão foram nossos desvãos agora o trabalho é prece

Abaixei-me ao chão achei a candeia o coração incendeia a morte

Entre os anos e mais anos na multidão de enganos anda a fé

Em cada peito duas contas mesmo terço reza estranho senhor

Ancho inquilino recebe salário imerecido e o gasta como quer

Sorve da taça inglória velho fel, estória de indescritível sabor

Marilú Santana 28/12/2005

Marilu Santana
Enviado por Marilu Santana em 04/01/2006
Reeditado em 06/01/2006
Código do texto: T94136