EU NÃO QUERIA SER CRUZ!

Nasci e cresci numa linda, floresta, nos arredores de Jerusalém.

Assim, podia ver os campos salpicados de ovelhas.

O vaivém das pessoas pelas estradas e o seu carvalho que se espalhava no vale.

Constantemente seus moradores vinham em busca de madeira para ser utilizada em construções, fabricação de móveis e usos diversos.

Eu aguardava com ansiedade o dia em que também seria escolhida.

Desejava que me transformassem em algo de grande utilidade. Finalmente o meu dia chegou.

Vieram uns lenhadores de fisionomia estranha. Cortaram-me, arrastaram-me morro abaixo.

Confesso que estava emocionada, cheia de curiosidade. O que iriam fazer de mim?

Os homens trabalhavam depressa, em pouco tempo finalizaram a tarefa. Qual seria a minha finalidade?

Quando um dos homens, respirando aliviado, enxugando o suor do rosto, falou:

A cruz está pronta.

Senti um calafrio!

Cruz? Eu?

Haviam me transformado em algo tão repelente, as pessoas que iam à floresta comentavam coisas horríveis sobre cruz.

Falavam sobre a humilhação, a vergonha e o sofrimento de quem era submetido a esse trágico castigo.

A minha emoção acabou como um encanto dando lugar a uma grande decepção.

Gostaria de ser útil, algo belo e importante.

Eu não queria ser cruz.

Fiquei pensando:

Que infeliz iria agonizar em meus braços?

De repente vi uma multidão enlouquecida gritando, praguejando. Entre eles vinha um jovem completamente diferente dos demais. O seu rosto sereno, quanta ternura possuía o seu olhar.

Eu conhecia aquele caminhar, que inúmeras vezes passou pela estrada, sempre acompanhado de grande multidão.

No domingo passado ele entrava na cidade com grande acompanhamento.

As pessoas cantavam músicas lindíssimas e chamavam de rei, atiravam suas capas e galhos na estrada para que ele passasse.

Por que essa mesma multidão estava tão enfurecida?

O jovem deixava transparecer muita tristeza,principalmente quando me observava.

Aquele olhar me deixava desconcertada, porque deixava transparecer o sofrimento que estava sentindo.

Um dos carrascos gritou:

Vamos, Jesus, pegue a sua cruz.

Oh, não!

Eu iria ser o castigo do meu Criador.

Naquele momento, se eu tivesse pernas, teria fugido.

Ele não iria aguentar comigo, eu era muito pesada.

No entanto, o carrasco o chicoteava, obrigando-o carregar-me.

E com dificuldade sobre humana, Jesus colocou-me sobre os seus ombros.

Um mal-estar terrível apoderou-se de mim.

Por estar fazendo parte da maldição a que o filho de Deus havia se submetido.

Como eu seria feliz se tivesse sido a manjedoura que serviu de berço para o menino Jesus.

Eu não queria ser cruz,

Gostaria de ser pedacinhos de madeira pra que o menino Jesus, com suas mãozinhas mimosas, brincasse comigo.

Eu não queria ser cruz.

Gostaria de me tornar um dos móveis fabricado pelas mãos ágeis do carpinteiro nazareno.

Eu não queria ser cruz,

Gostaria de ser o banco em que Jesus estava sentado quando Maria ungiu os seus pés, como prova de amor e gratidão.

Eu não queria ser cruz.

Gostaria de ser aquele barco onde o Mestre dormia sossegadamente enquanto o mar agitava-se na grande tempestade.

Eu não queria ser cruz,

Gostaria de ser o banco do templo que inúmeras vezes Jesus sentou-se para cultuar o Pai.

Eu não queria ser cruz,

Gostaria de ser a mesa onde Zaqueu ofereceu um delicioso banquete a Jesus.

Eu não queria ser cruz,

Gostaria de ser um dos carvalhos do Monte das Oliveiras para proteger o Senhor enquanto ele orava ao Pai.

Eu não queria ser cruz,

Eu não queria subir o Gólgota, dilacerando as costas de Jesus.

De tudo me resta um consolo:

Para todos que aceitam a Jesus Cristo como seu Salvador

Sou o símbolo de Redenção.

Sou símbolo de salvação

Reeditado