SOBRE O TEMPO E A HISTÓRIA: NÃO PODERIA SER EU...
São trinta e quatro anos nesta estrada,
as curvas e paisagens são belas, mas variáveis.
A estrada é vasta, larga, imprevisível e com bifurcações;
alguns trechos apertados, estreitinho, didático como um mata-burro.
Eu me sinto como uma partícula da poeira nesta imensidão:
caminho olhando para o lado e certificando que estás aqui.
No meio do caminho rios, cachoeiras, laguinhos
e por vezes mares foram feitos de lágrimas:
emocionado pelas alegrias e conquistas,
ou sofrendo as perdas que ficam pelo caminho.
Me sinto como uma gota neste imenso oceano!
Chorando com outros ou sofrendo sozinho;
comemorando vitórias alheias, que se fizeram minhas...
olho para o lado, e Tu continuas aqui.
Em parquinhos de gratidão, com tons felizes,
com nuvens de algodão, marcas de prazer
com cicatrizes:
Sim!
Neste anos não me faltaram motivos
para agradecer e celebrar, estourar bexigas
e concentrar as forças para pular,
nos pula-pulas que me roubaram risadas;
nas montanhas russas, desta vida agitada;
na roda gigante da confiança,
sabendo que mesmo embaixo, estou em segurança:
pois olhei em volta e Tu continuas aqui.
Trôpego ou firme, entre oásis e desertos,
sigo em frente,
não me considero bom,
mas luto para ser decente.
Crente,
que o chamado que fizeste faz os caminhos valerem a pena.
Mais que cena!
Não é o próximo ambiente, não é o que me aguarda depois desta curva,
mas é a continuidade desta Presença
que faz tudo ter sentido, direção, começo e fim.
Ah, Soberano! Porque tanto para um tão pouco como eu?
Sei que não chegaria aqui sozinho.
Caminho com o pássaro que voa atrás de um ninho;
Procuro como homem, o que as aves buscam no vazio;
hoje pisando o chão,
mas quem sabe futuramente sobrevoando os ares?
Continuo considerando o todo
por estes trinta e quatro passarem:
Olho para o lado e confirmo:
Tu continuas aqui!