Tava eu sem graça Sentado num banco da praça Ruminando mágoas Quando uma voz angelical Tal qual um marulhar de água iluminou aquela tarde fria. _ Boa tarde! O senhor aceita uma poesia? Pensei ser uma alucinação. Voltei meu olhar naquela direção E me encantei. Pura fascinação! Olhar contundente Bochechas salientes Lábios e sorriso Num majestoso arranjo... Seria um anjo? Ousei perguntar: Qual é o seu nome, filha? _ Cecília. O senhor aceita uma poesia? _ Uma poesia, só para mim? Claro, obrigado, aceito sim! E sua voz terna e calma Derramou-se em minha alma Em versos que diziam assim:
" Convite
Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião. Só que
bola, papagaio,pião
de tanto brincar
se gastam. As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam. Como a água do rio
que é água sempre nova. Como cada dia
que é sempre um novo dia. Vamos brincar de poesia? "
A cena me restaurou a alma! Sorri, emocionei-me, bati palma... Ela também sorriu e silenciosamente partiu caminhando pela praça como pessoa normal. Seria ela real? Na minha doce ingenuidade de vivente do Pompéu imaginei que fosse sair voando sorrindo e me acenando até entrar céu.
silasol
Enviado por silasol em 24/09/2012
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