Arado de boi
Fico pensando quantas coisas,
Quantas aventuras o meu peito viveu
Esses meus olhos, quase já sem brilho
Olham pro nada e começo a recordar
O portão velho com seu rangido indolente
É melodia que invade o pensamento
Feito o sino da escola
Chamando a gente pra dentro
Então feito boi de carro
Que segue o candeeiro
Vou seguindo a saudade
Até o tempo da minha infância
A nossa casa era assim pequena
Mas abrigava com ternura meus sonhos de criança
O arado de boi jogado lá no quintal
Apodrecendo no tempo, sem serventia
Um monte de ferro velho
Que um dia mãe vendeu
Arado que foi meu carro
Diligência defendida a tiro de espoleta
Brinquedo dos meninos
Poleiro da galizé
Embaixo do pé de manga
Meu castelo, no sol do meio-dia