Devaneio

No alvorecer da manhã raiada,

Qual guardiã fiel a minha alma vela,

À tua espera numa ansiedade louca,

Ainda que de um vulto, ver-te na janela.

Eis que a longa espera de minutos passa

E a fina silhueta delinea-se na cortina.

Embalada em meus sonhos minha alma abraça,

A tua alma casta, o sofrer da minha sina.

Meu coração aos pulos quer sair do peito,

A emoção é tanta que a visão embaça,

Mentalmente abro a cortina com cuidado e jeito

E apenas uma sombra esvai-se na fumaça.

De ti fiz o meu sonho e em ti minha esperança

De saciar a sede deste amor quimera.

Alimentando o devaneio e na certeza da bonança

De que no amanhã termine esta longa espera.

José Antonio Siqueira
Enviado por José Antonio Siqueira em 04/02/2006
Reeditado em 04/02/2006
Código do texto: T107810