Mirela (Cais do Parto) - Filha de junho

Alguém se ancorou aqui em mim,

se instalou assim neste cais do meu peito.

Ao lançar âncoras, lançou desafio.

Deste porto me distancio,

parto deste cais,

talvez, nunca mais.

Alguém descobriu uma rota em mim

depois mapeou meu peito em canções

tatuou em meus olhos

a distância de nossos corações.

Deste cais

eu parto deste porto.

Voltar, nunca mais.

Pérolas lhe emprestaram

o brilho de seus olhos

que na inocência nada vê,

ilhas isolaram meu mundo de você.

Não há de quê

se lhe fiz nascer

deste cais do parto.

Deste cais eu parto para gerar meus versos,

inversos de sonhos,

faróis que iluminam trilhas de você.

Não há de quê se eu lhe fiz nascer.

Há um porém que trouxe você à memória.

Filha, você tem história

que me fez tecer neste cais seu parto.

Deste cais, se eu parto,

nunca mais voltarei.