MANIAS

Neste tempo bordado de nostalgias
vou ludibriando a lentidão da vida-hora,
em cada minuto penduro gotas de magias
e assim, a felicidade nunca vai embora...
Tenho manias que já não controlo
e quando percebo, já extrapolei...
Viajo por estradas onde feliz andei,
sinto o calor do abraço, o sabor do beijo
e sou poesia... És o poema que mais amei!

Tenho mania de sonhar, mesmo acordada;
não deixo o sonho no sono, o destino é comodista,
e nas madrugadas de luas minguantes, molhadas,
acorda o pesadelo... Ele é tão egoísta,
não entende a alquimia, sua face é enrugada
pois não sorriu, não chorou... trancou as emoções;
mas eu desafio o cretino e ouso ter manias
e dou alvedrio às minhas ilusões
em vôos plenos... Estesia!

Gosto de saber que ainda sinto, ainda sou
uma sonhadora que embarca na viagem
de amar ao sabor da brisa, sem te ter ao meu lado...
E quando na luz nas estrelas cadentes te vejo,
quão nítida e pura é a eterna miragem
e em minha retina o refletir da tua face
transparente, num sorriso sem disfarce;
nasce uma mania totalmente descontrolada
de ser tua, teu corpo nu, quente em pelo,
sentir o roçar da pele morena, suada,
nos respingos extasiados do desejo...

Mania boba de sempre abrir o passado
e embrenhar-me nos olhos das lembranças...
Coração trincado, entoando canção de apelo,
querendo trocar a solidão por esperança
e deixar a saudade bem distante, ao lado
do espelho, onde o amor ficou estilhaçado
e a razão encravou suas grossas raízes...
Tenho mania de evadir pelos finos caules da roseira
e ensurdeço ao que em verdades dizes...
Mania contínua de te sentir por perto,
quando o perto fica tão fora de alcance!
E mesmo perto, tão longe de mim estás...
Mania estranha, onde o sentimento assanha
e consente que de mania eu viva e avance
por labirintos inseparáveis da memória...
E a alma tão calada, assim alcança a paz
e há sempre um final venturoso na história...
Tenho mania de sentir teu cheiro no ar
quando dentro de mim, o céu fica lilás...

E de manias vou vivendo, ocultando a dor
para que ninguém possa minhas asas podar!
Preciso voar, fugir das ruas do desamor
e à estação do encanto sempre retornar,
apesar de saber que nunca irei te encontrar!
Engano o vazio, nesta louca mania de querer
viver o que passou... O que não posso ter...



05/08/2009






Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 15/12/2009
Código do texto: T1980007