CAPRICHO

Não sei se por inocência,

Talvez, por conveniência;

Um quê de rebeldia

E outros tantos de ousadia,

poderiam explicar o que há muito não é dito,

do assunto dado como finito.

O causo não é de todo inédito,

Ainda assim carrega seu merecido crédito.

Trata-se daquele velho amor da adolescência,

Tão arrebatador que não se explica nem a ciência.

Aquele amor que vai e vem,

Como uma longa viagem de trem,

que tão logo passa e deixa a lembrança dum querer bem.

Da paixão instantânea que pintava tão inédita a bela história,

Guardavam eles, cuidadosamente, cada momento na memória.

Seria possível desenhar em números a data desse acontecimento,

se não fosse vago mensurar algo vivido desde antes do nascimento.

De todos os amores por eles vividos,

era neste em que se viam infinitamente perdidos.

Mas a vida não é só de flores,

Ainda que o amor jamais tenha perdido suas cores.

E então, depois de um sonho oprimido pela distância,

Já não se era possível dos sentimentos, garantir a constância.

Ao passo que as horas se transformavam em dias,

Os profundos sentimentos reduziam-se a meras fantasias.

E como quem não tem por quem lutar na vida,

com poucas lágrimas e sem a cara abatida,

Seguiram livres os heróis desse romance,

Mesmo que sem qualquer horizonte ao seu alcance.

De suas andanças, em outras camas, acompanhados dormiram,

Porém das mesmas, sem calor, sem esperança, dali partiram.

Certo dia iludiu-se ela, “Essa epopéia não passa de um capricho,

Como aquelas manias bobas que facilmente se lançam ao lixo.”

Mas a cada encontro da Lua com Plutão,

Batia torto e descompassado o coração,

que ao toque do rosto pela mão,

negava-se a pretexto da confusão.

“Esse amor – diziam os contras – já está acabado!”

“Todo amor – diziam os prós – jamais é curado!”

Como o vento que assobiava,

A cada nova paixão, o sino tocava.

E da intensa busca por corações diferentes,

Acharam-se dois vazios e quentes.

Nessa linda história o príncipe não ficou com a princesa,

mas se houvesse a chance de considerar tamanha pureza,

Ou se da semente plantada não tivesse nascido um Broto,

com um pouco de otimismo esse final talvez fosse outro.

NOTA: É o primeiro texto que eu escrevo com rimas, em mais de dez anos. Comentários e/ou críticas seriam muito bem-vindos! :D

Patricia Florindo Martins
Enviado por Patricia Florindo Martins em 28/01/2010
Reeditado em 28/01/2010
Código do texto: T2055629
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.