A Partilha
o hálito de cristal soprava os ouvidos:
a grama não vestia mais aquele luto abrasivo;
douravam as partículas enquanto sobre as cabeças
as trevas brincavam de se crucificar.
eram duas as horas, e as diversas formas de gritar,
e os caminhos divididos ao andar
eram os pratos, os garfos e as facas do jantar
borrifada, a silhueta infantil agora se confundia em meio às águas:
ele tenta atravessar o céu, numa partilha amolada a esmeril
afastando uma das outras as nuvens e os flocos de neve
mas acredita estar em uma das torres
em uma das vidas e com um dos corações.
a partilha, os dragões.