A Partilha

o hálito de cristal soprava os ouvidos:

a grama não vestia mais aquele luto abrasivo;

douravam as partículas enquanto sobre as cabeças

as trevas brincavam de se crucificar.

eram duas as horas, e as diversas formas de gritar,

e os caminhos divididos ao andar

eram os pratos, os garfos e as facas do jantar

borrifada, a silhueta infantil agora se confundia em meio às águas:

ele tenta atravessar o céu, numa partilha amolada a esmeril

afastando uma das outras as nuvens e os flocos de neve

mas acredita estar em uma das torres

em uma das vidas e com um dos corações.

a partilha, os dragões.

Augusto Guimarães
Enviado por Augusto Guimarães em 13/11/2006
Reeditado em 16/11/2006
Código do texto: T289823