Pontal

Respiro em tuas ruas

As alegrias da minha infância.

O “bença vô”, “bença vó”,

Ainda me vejo menino

Por dentre as poças

Nas chuvas que desciam dos céus,

Dos meus barquinhos de papel

Navegando nas correntezas

À beira da estrada!

Da lucidez dos sonhos.

Sinto saudades!

Das festas de Judas

Que meu avô fazia,

Das cantorias e ladainhas

Até o amanhecer do dia.

Eu via!

Minha avó, linda senhora

Olhos de esmeraldas,

Embelezando o Pontal

Da minha infância!

As rezas, os leilões

Juntava gente aqui, acolá,

Tudo para mim era encantado.

O pé de jenipapo ainda vive

Se falasse diria

“- É tudo verdade!”

Pontal dos meus sonhos,

Pontal da minha vida!

Quantas saudades daquele tempo,

Os barcos que desceram as corredeiras

Levaram a seu abrigo

Todas as lembranças vividas

Nas idas e vindas

À Rua do Pontal.

Pontal dos meus avós!

Pontal dos que se foram!

As ladainhas, os leilões, as queimas de Judas,

Os bonecos falantes, os homens,

As mulheres daquele tempo

Ainda vivem dentro de mim!

Lula Ribeiro
Enviado por Lula Ribeiro em 26/05/2012
Código do texto: T3689826
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.