Zuarte
Estávamos lá, antecipando o verão
sem querer termos adentrado a primavera
Acabávamos de abrir a porta de setembro
e já queríamos nos queimar na janela
Num sonho febril sem precedentes
corremos o campo para arder na grama
Jogados em desdobras de zuarte
era de céu e luz o teto de nossa cama
Era de riacho o nosso banho de alma
como disforme eram nossas horas,
todas tortas como tortas de amora,
eram tardes nossa sede de agora
Nossa beliche, a colina mais alta
Estávamos serenos, exaustos na pedra
forrada com nossa cama de zuarte,
de sorrisos desses que ninguém quebra