Zuarte

Estávamos lá, antecipando o verão

sem querer termos adentrado a primavera

Acabávamos de abrir a porta de setembro

e já queríamos nos queimar na janela

Num sonho febril sem precedentes

corremos o campo para arder na grama

Jogados em desdobras de zuarte

era de céu e luz o teto de nossa cama

Era de riacho o nosso banho de alma

como disforme eram nossas horas,

todas tortas como tortas de amora,

eram tardes nossa sede de agora

Nossa beliche, a colina mais alta

Estávamos serenos, exaustos na pedra

forrada com nossa cama de zuarte,

de sorrisos desses que ninguém quebra

Ricco Salles
Enviado por Ricco Salles em 14/07/2018
Código do texto: T6389568
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