Sina de um cantador
I
O dia se foi, a noite vem chegando
A lua brilhando consola o sertão.
Os raios de prata já vão se abaixando
E a vida ficando cheia de paixão.
II
Vem um cantador das bandas da roça
Com uma carroça puxada por bois.
E o romantismo que já toma conta
Deixa a moça tonta bom tempo depois.
III
Escuto bons versos de amor e saudade
Sinto, na verdade, que a dor é geral:
Vem me machucando, ferindo por dentro
Arranca lamento, também me faz mal.
IV
Esse cantador arrancou do peito
O mais belo jeito de cantar o amor.
E eu peço chorando: "Amigo vá dizendo,
Que eu sigo sofrendo a terrível dor."
V
Vem um cantador das bandas da roça,
Em uma carroça puxada por bois.
E o romantismo que já toma conta,
Deixa a moça tonta bom tempo depois.
***
Campinas - SP, 03/3/1998.
Obs. Apesar da data, este poema nunca tinha sido publicado. Resolvi tirá-lo do "fundo do baú".