O COPO DO LOUCO

Certa vez um louco que andava

Por esta região, costumava frequentar

A comunidade, então rural,

E aproveitava para pedir ajuda,

Auxílio, espórtula...

Os moradores da comunidade

Forneciam-lhe alimentos, água...

Mas aquele louco, ao contrário de outros

Que por aqui também passaram,

Não gostava de copo.

Aliás, o copo que ele utilizava

Para beber água no rio

E nos riachos do lugar, em suas andanças

Pelos caminhos e becos rurais,

Era um búzio, uma concha vazia

De caramujo de água doce,

Que ele encontrara às margens dos riachos

E adotara como seu copo.

Um dia um grupo de meninos que

Conduziam um rebanho de gado

Avistaram à distância o doido

À beira de um riacho

Bebendo água na concha/búzio

De caramujo, e em voz alta falaram:

“Ei, ‘Seu Zé’, não beba água nisso aí,

Que faz mal! Isso aí é um búzio,

Uma concha de caramujo!”.

De lá, erguendo o búzio, firmemente

O louco respondeu:

“Meninos, você não sabem de nada!

Isso aqui é meu copo, meu copo bom!

Meu copo de beber água!”.

E pondo a concha no bolso,

Resmungando concluiu:

“Vão-se embora!”.

E Deixando o doido em paz,

Aqueles corajosos meninos sertanejos

Que só queriam fazer o bem àquele andarilho,

Seguiram viril e seriamente levando

O gado pela estradinha de terra.

Enquanto o doido permaneceu ali

À beira do riacho,

Dentro de uma propriedade.

Foi há muito tempo...

Edimar Luz
Enviado por Edimar Luz em 06/09/2020
Reeditado em 06/09/2020
Código do texto: T7056516
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.