Polaroid

Lembrei hoje de nossa foto,

de uns 30 anos atrás,

daquela Polaroid,

na paisagem de um filme,

montanhas ao fundo,

árvores ao redor,

os pássaros nossa trilha sonora,

o banco onde demos o primeiro beijo,

o chafariz onde fomos capitães dos mares,

com nossos barcos de papel,

pelejando como crianças,

espalhando água por todos os lados,

usando nossa imaginação para voar,

capturando os sentimentos,

com o sol nos iluminando sorrisos,

olhos nos olhos para um amor inocente,

destinos prometidos ainda tão cedo,

linhas cruzadas nas palmas das mãos,

vidas entrelaçadas em poesias bobas,

borboletas pairando no estômago,

trocando juras de uma paixão juvenil,

tudo registrado naquela velha Polaroid,

um tempo sem volta,

memórias do que se foi,

amarelado pela corrida dos anos,

viagem de segundos ao passado fugaz,

onde meu coração se perdeu para sempre,

em uma partida sem um adeus,

lágrimas solitárias no silêncio,

de um quarto de hotel em Singapura,

na meia noite de algum relógio esquecido,

sob o abrigo de uma escrivaninha,

onde está guardada aquela saudosa Polaroid...