Meu amigo cão desconhecido

Conheci um amigo, de algum lugar tão tão distante.

Desses que não sabemos onde fica e nem como chegar

De onde partiu e como voltar.

Se aceitar, é possível interpretar, que ele podia ser um anjo.

Diferente do imaginário coletivo e dissociado do possível,

Era grande, negro, olhos caramelos, peludo, tinha um rabo longo e pelos macios.

Quando surgia, fazia cena e barulho até para quem não o conhecia.

Fixava sua estadia na rua, mas sua alegria estava no olhar quando o portão abria.

Água, comida e abrigo era o que precisava, ainda que por um tempo. Isso já bastava.

Faz dias que não vejo meu cão amigo, nem nas ruas e nem nas praças.

Carrega uma coleira vermelha, e jamais foi meu.

Mas o que lembro das nossas brincadeiras e do olhar caramelo travesso,

E nisso eu acredito, é que está protegido por Deus.