Rosas de Vento
Em meu sonho folhas secas dançam contra o vento;
Vento que corta os vidros e invade a alma.
Meus olhos ressecados fitam a paisagem petrificada;
Não há colorido neste sonho, apenas o preto dos contornos e o sofrer das sombras
Desliza o vento a acariciar-me as mãos abertas;
Avisando-me do previsível, pois que de imediato arrebato-lhe com um soco no ar;
Digo-lhe não! E não está mais ali... o vento à minhas mãos.
Quero o ilusório turvo do horizonte – miragem!
Caminho vestindo ironia pela linha férrea;
Corro cheirando inutilidade pelas ruas retas.
O sol está lá... estatelado no céu! Sorrindo para seu ofuscante acinzentado;
Passeando de glórias em glórias, a tentar cintilar o confuso entardecer high-tech
A porta do jardim escondida em meus sonhos convida-me: “Ame e deixe amar!";
Carrego junto a mim um presente embrulhado em papel xadrez preto-e-branco;
Ao entrar cego como um homem, vejo flores...
Lá estão em cores nunca vistas antes, as flores.
Um velho sentado ao canto soluçando: “São Rosas a chorar!“;
Como o vento, elas chegam a meus olhos a me olhar e a minhas mãos a me tocar.
Fazem-me largar o presente ao acaso como se nada fosse – um suspiro apenas;
Cerro os punhos como se a socar, mas não soco – rasgo o vento a guardar-lhe a cor
Choro com o velho e sento a seu lado, ambos a rasgar;
Dali não me levanto, incansável a mirar com olhos molhados o campo de rosas!
Ah! Como é belo o seu colorido horizonte...
Estou sentado a correr com o vento apanhando em colorido rosa-vento.
05/07/2005
Do sofrer ao correr para meus amados/