Consolo

Depois de um tempo não haveria de acontecer

Qualquer coisa, movimento entre o dia e a noite;

Não, não haveria de despertar antes do anoitecer;

Antes que algum motivo silenciado invadisse o corpo

Perfurasse a mente e dilacerasse o peito

Fumaria um cigarro, e depois engasgaria feito louco;

Um motivo talvez para expulsar demônios

Para acalantar desejos

Desesperados sem tempo para cortejos

Sem vontades de esperar

Olhou por um instante a vida

E sentiu um abraço apertado

Feito quando era criança e tudo era motivo

Para um choro ou um consolo

Agora estava calado

Dormia quase sistematicamente

Na esperança que o dia acabasse

Que ninguém mais desejasse

Que não fosse necessário

Pensar, ou...

Morrer

Mas as necessidades eram passageiras

Como tudo que passa por um tempo

E depois se esquece o nome ou a face

Não era preciso mais ter medo

O fim era o mesmo depois que se deitasse.

Lady Sophia
Enviado por Lady Sophia em 21/12/2007
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