rasgos de memória
na exacta medida em que uso o texto
como grito escrito,
como pedra polida pela vida,
há um sim fresco e sedoso
que guardo gravado naquele cd.
nele estão os recantos, a vida,
momentos agradecidos,
como minusculas gotas adocicadas
de um breve ímpeto de amor.
nele guardo rostos e nomes,
cartas e rascunhos de vozes distantes
que chegaram tão perto sem conheceram
o tempo da distância.
tudo sem linhas de pausa
preenche as recordações
onde os momentos exactos
assaltam o espaço do reconhecimento,
o conformismo do facto.
todos os dias é assim,
sem amnésia, sem esquecimento,
percorro caminhos de ontem
lembrando tudo e todos
na azáfama sincronizada dos dias.
...mesmo quando a musica me leva de viagem
com culpa imputada a qualquer lembrança,
sei que estou aqui,
que a ausência não é mais do que umas quantas notas musicais
que soam sem acaso...