Fazendo feira com mamãe.

Era apenas uma rua

uma rua que tinha de tudo

onde um sujeito, não importando a origem,

podia encontrar, comprar ou escambar.

Na feira tinha fruta, peixe e aguardente

tinha pente, o homem da cobra

com balsamos que curavam até desilusão,

Tinha passarinho, chupetinha doce e carne de sol do sertão.

Batata doce, inhame, cará,

caju, mangaba, cajá

- já caiu caiu cajá, sapoti

laranja madura e até oiti.

As línguas de boi colgadas no açougue

me chamavam atenção: fígado, baço e coração,

O meu batia tão rápido que não parecia um só

era como bolas de gude quando caem de vez no chão.

Minha mãe é minha melhor recordação

na parada pra tomar um caldo de cana.

Era como se eternizasse uma canção

na voz da barraca de verduras de Ana