Da série mulheres que passaram II

Sobre Naara

Minha vida, estou só

amando e sendo amado

unido e acompanhado

por um amor eterno

mas me sinto só,

maior abandonado.

Quero correr mas não consigo

e nem quero ou posso.

Quero e não quero fugir

prendo meus pés

na solidez de meu amor.

Sinto-me perdido,

estou carente, fraco, preocupado

quero encontrar explicações

mas o óbvio está oculto

por preconceitos, problemas.

Merda!

Que hora errada para escrever.

Desabafar é bom

tenho pena de meu filho

que não vai nascer,

tenho pena de mim.

Porquê sou assim?

Tenho uma imensa pena por ela,

Naara, meu sentido e meu rumo.

Hora errada, lugar errado, dia errado.

Porra! Estou desesperado

coração na mão, em frangalhos.

Como estará ela?

Sua cabeça deve estar atordoada

coitada...

Onde está minha força?

Chega de tanta auto compaixão.

Rio de Janeiro, um dia ruim de 1985