PÁSSARO SOLITÁRIO

O antes, que podia ser

o depois do antes,

que não podia ser!

O ter no amanhã é

como o ser do antes

do amanhã mudo.

O choque do querer desafiado,

o prazer devoluto negado

entre os pontos deformados,

no vôo livre do pássaro solitário!

Passa... passa bicando as folhas,

resvalando o céu, novamente,

repousando à beira da escuridão.

Por que trancas ferido

o “antes belo?”

- Um pingo se quer,

não mais falaste e,

adivinhar, quem há-de...

detectar a falha no espaço

recapeado de sonhos

fingido na face esticada

-começo de experiências fracas

e sentimentos que não pagam propina.

A inocência cobre os olhos acesos,

recrimina e transparece

o “antes belo” agora libelo,

no ter do amanhã contrastante

com o depois prometido.

Onde pretendes dobrar

o peso desta agonia?

Volta a recompor-te,

adorna-te no calor

do corpo em chamas

do antes preferido!

Zecar
Enviado por Zecar em 09/05/2005
Reeditado em 20/07/2016
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