Abismo

Abismo para que te quero se já tenho de ti o outro?

Aquele que te reflete nas mais puras águas do alucinio

Para que quero das tuas entranhas o que já não como?

Se já trago entranhado no corpo o teu vómito

O mesmissimo amargo cheiro em que me afogo

O hálito em que me embriago nas ausências da mente

Quando percorro teus vales e ventres de despojo

Saldo todo esse nojo e me indívido com o negativismo

Com os compromissos de uma alma que não se quer

Além das braçadas que dá nem aquém dos ouvidos

De quem grita aflito pelo retorno do dono

De quem alimenta somente a mão que lhe estenda

O perdão em vez da crença ou da verdade

Pra que te quero se cumpres pena de miséria por falta de espaço?

Se por grande de mais não te serve a humildade?

Se usas como molde para teus trajes a desculpa?

Vejo-me agitar ao cimo de um monte preso pelo pescoço

Estranha forma de te acenar um adeus

Ninguém se conforma com esta sorte.

TrabisDeMentia
Enviado por TrabisDeMentia em 19/08/2006
Código do texto: T220374