NONSENSE
Beijo-te na boca
da noite que
clama por nós
por nosso passado,
passado em ruas passadas
com lentas passadas
em suas calçadas
de pedras e saudade
daquela cidade que
em terna idade não possuía
dor, doravante constante
em seus habitantes
que choram com seus terços,
meias vontades, inteiras saudades
d’um tempo perdido,
calado, ao lado
d’um amado espaço
preso num laço
sem direção
(quem sabe, d’um coração)
que o relógio não permite
que se imite
outra vez
na embriaguez das capitais
imorais, imortais, etc e tais,
d’um país imóvel
iludido com um automóvel
que me liga a um passado
passado em lentas passadas
em ruas calçadas por mágoas
e lembra, taciturno, d’um momento
noturno: Noite. Noite calada,
boca banguela. E descubro:
quem me beijou foi ela.