NONSENSE

Beijo-te na boca

da noite que

clama por nós

por nosso passado,

passado em ruas passadas

com lentas passadas

em suas calçadas

de pedras e saudade

daquela cidade que

em terna idade não possuía

dor, doravante constante

em seus habitantes

que choram com seus terços,

meias vontades, inteiras saudades

d’um tempo perdido,

calado, ao lado

d’um amado espaço

preso num laço

sem direção

(quem sabe, d’um coração)

que o relógio não permite

que se imite

outra vez

na embriaguez das capitais

imorais, imortais, etc e tais,

d’um país imóvel

iludido com um automóvel

que me liga a um passado

passado em lentas passadas

em ruas calçadas por mágoas

e lembra, taciturno, d’um momento

noturno: Noite. Noite calada,

boca banguela. E descubro:

quem me beijou foi ela.

Marcelo Lopes
Enviado por Marcelo Lopes em 16/06/2005
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