Na tua boca

Lendo poemas de amor,

minha alma tonta e torta,

despede-se do corpo.

Dedos longos não tocam

o piano de Bach.

Desintegram-se

numa tarde de dezembro,

quando adormece o sol atrás

duma montanha

no Oriente Médio.

Ensaio passos na chuva,

desapareço nas pontas

das estrelas de papel.

separo o sal dos rios

nas cores dos tapetes

comprados em Bagdá.

sinto a agonia

das palavras

sufocadas

na tua boca.

Pedro Porta
Enviado por Pedro Porta em 23/11/2017
Reeditado em 23/11/2017
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