Tragado

Você controlou meu coração

Fez dele pingente de mil grilhões

E o usou como adorno maldito

Cativo pela sua magia me entreguei

E só não sei se era cedo ou tarde

Mas sem alarde, me rendi

Usou minhas asas para voar

Me fez abdicar da solidão

Voei alto para em seus seios pousar

E deles extrair minha perdição

Sugou de mim toda energia

Lançou-me em densa luxúria

No umbral do inferno me trancou

Cativo e sem forças para sair

Deixei ruir toda resistência

Pois não é fácil saciar sua fome

Sua insaciável insensatez

Fez de mim um demônio

Por dentro eu ardia em chamas

E meus olhos... Ah meus olhos

Foram aprisionados na lascívia

Que emana do seu corpo em brasas

E com minhas asas voou

Feito parasita minou minhas forças

E afogado em seu magnetismo

Não consegui lutar, em vão

Meu coração partiu, espatifado

Triturado mil vezes até virar pó

E sem dó fez de mim escravo

Preso e desarmado parti

Em direção aos seus braços

Louco pela prisão de sua boca

E acolhido pela sua loucura

Deixei de existir, deixei o pranto

Sequei as lágrimas e parti

Para o paraíso dos seus desejos

Enquanto seus olhos me consumiam

Eu partia, morria e me entregava

E como não bastava, fui

De forma completa, sem remorsos

Parti para a inefável escuridão...

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 12/02/2019
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