Tragado
Você controlou meu coração
Fez dele pingente de mil grilhões
E o usou como adorno maldito
Cativo pela sua magia me entreguei
E só não sei se era cedo ou tarde
Mas sem alarde, me rendi
Usou minhas asas para voar
Me fez abdicar da solidão
Voei alto para em seus seios pousar
E deles extrair minha perdição
Sugou de mim toda energia
Lançou-me em densa luxúria
No umbral do inferno me trancou
Cativo e sem forças para sair
Deixei ruir toda resistência
Pois não é fácil saciar sua fome
Sua insaciável insensatez
Fez de mim um demônio
Por dentro eu ardia em chamas
E meus olhos... Ah meus olhos
Foram aprisionados na lascívia
Que emana do seu corpo em brasas
E com minhas asas voou
Feito parasita minou minhas forças
E afogado em seu magnetismo
Não consegui lutar, em vão
Meu coração partiu, espatifado
Triturado mil vezes até virar pó
E sem dó fez de mim escravo
Preso e desarmado parti
Em direção aos seus braços
Louco pela prisão de sua boca
E acolhido pela sua loucura
Deixei de existir, deixei o pranto
Sequei as lágrimas e parti
Para o paraíso dos seus desejos
Enquanto seus olhos me consumiam
Eu partia, morria e me entregava
E como não bastava, fui
De forma completa, sem remorsos
Parti para a inefável escuridão...