POEMA SANTO

Corria o tempo a sono solto

Na madrugada da sorte

Sem parar pra responder

Navalhado tempo, fino corte

Fino ouro da côrte

Fino fio de katana

Língua de bruxa afiada

E lá se vai uma semana!

Dumas, filho de um ferreiro

Moço esbelto e de coragem

Ao Deus da guerra entregara o corpo

E a alma, a qualquer outra divindade

Cascatas de sangue ainda quente

Semeavam bélicos campos

E o estalar de ossos e carne

Eram ouvidos nos quatro cantos

O guerreiro era bronze

Prata, ouro bem cunhado

Era a trombeta do juízo

O cordeiro degolado

Décimo primeiro mandamento

Seu nome em pedra talhado

Corte por corte

Vida por vida

Faz-se de Talião o legado

Punho santo sem dogma

Dizimando tudo o que respira

Besta inflamável das profundezas

Expelia pelos poros

A força de sua ira

Não se curvava ao temor

Escarniava-se ante a Deusa podre

E como um monólito vivente

Ia destruindo corpo e mente

Deixando pra trás um cheiro de enxofre

Dumas, filho da foice cega

Casa crua de porta e janela

Caligulando a moralidade eterna

Não fez feio ao pai verdadeiro

E como dizia a pródiga parábola do meio

De braços abertos, vinho, pão de centeio

Lacrimejando a tamanho contentamento

E como o fino corte do vento

Mefistófeles ainda o espera

Ricardo Árcoli
Enviado por Ricardo Árcoli em 08/07/2019
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