POEMA SANTO
Corria o tempo a sono solto
Na madrugada da sorte
Sem parar pra responder
Navalhado tempo, fino corte
Fino ouro da côrte
Fino fio de katana
Língua de bruxa afiada
E lá se vai uma semana!
Dumas, filho de um ferreiro
Moço esbelto e de coragem
Ao Deus da guerra entregara o corpo
E a alma, a qualquer outra divindade
Cascatas de sangue ainda quente
Semeavam bélicos campos
E o estalar de ossos e carne
Eram ouvidos nos quatro cantos
O guerreiro era bronze
Prata, ouro bem cunhado
Era a trombeta do juízo
O cordeiro degolado
Décimo primeiro mandamento
Seu nome em pedra talhado
Corte por corte
Vida por vida
Faz-se de Talião o legado
Punho santo sem dogma
Dizimando tudo o que respira
Besta inflamável das profundezas
Expelia pelos poros
A força de sua ira
Não se curvava ao temor
Escarniava-se ante a Deusa podre
E como um monólito vivente
Ia destruindo corpo e mente
Deixando pra trás um cheiro de enxofre
Dumas, filho da foice cega
Casa crua de porta e janela
Caligulando a moralidade eterna
Não fez feio ao pai verdadeiro
E como dizia a pródiga parábola do meio
De braços abertos, vinho, pão de centeio
Lacrimejando a tamanho contentamento
E como o fino corte do vento
Mefistófeles ainda o espera