Eu me lembro...

Por quanto tempo eu sumi nessa profundeza que perdi de vista a luz do fim do túnel? Já não sei há quantos dias estou assim, já não sei quem sou ou quem eu era. E cada dia vejo que está faltando algo e mesmo com tal sensação e necessidade, desconheço o que seria. Estou perdido em meio ao caos e há cacos por todos os lados e mesmo assim continuo pela rua afora e seguindo para a próxima esquina. É inevitável, e por assim acontecer é cotidiano e tão natural.

Em algum momento paro diante de uma parede branca e nada vejo. Queria entender o que se passa lá do lado de fora destas paredes, desta casa, desta cidade. Poderia imaginar tudo com detalhes e curiosidades, mas tampouco conheço-me e vejo aqui, agora, em frente ao espelho uma imagem, uma pessoa, um alguém.

Eu me lembro agora; lembro de quem eu era, quem quero ser e sei que posso voltar à luz, à superfície, ao ar e respirar novamente com calma e sentir cada célula do meu corpo trabalhar pela minha cicatrização. Sei também que em algum instante tudo isto irá acabar, pois os sonhos deixam de acontecer quando se acorda.

Eu me lembrei...