Labirinto Interior

Ao olhar para mim vejo dois olhos nus,

dissolvo-me as brasas do tempo que arruína

as flores pútridas de uma primavera infernal,

estão aqui como o último consolo de um homem solitário.

Para romper o véu denso que nos separa,

enveneno-me e fico ainda mais longe de ti,

arranco mais uma camada da minha carne

ficando mais monstruoso do que antes.

Salto pela janela do arranha céu e espero que o chão nunca chegue,

sinto a dor se transmutar em prazer num movimento espiritual doentio,

por isso espero-te, espero-te mas não faço nada!

Vou andando e comendo minha própria carne em meu labirinto interior