Noite de Lua Cheia
Caminhava pelas sombras,
Quando um sujeito me abordou.
Me pediu um cigarro.
Disse que não tinha.
Disse que não tinha.
Ele então puxou o revólver.
Atirou em minha têmpora.
Meu corpo desabou.
E o sangue então jorrou.
O sangue então jorrou.
A cabeça no asfalto.
O corpo na calçada.
Os pés sob um bueiro.
Um carro então passou.
Um carro então passou.
Explodiu, portanto o crânio.
Como se fosse melancia.
O tampo já em frangalhos.
E o cérebro se espalhou.
O cérebro se espalhou.
Massa branca e cinzenta.
Coloriam toda a via.
Um olho foi rolando,
E um rato o devorou
Um rato o devorou.
Com minha língua esticada,
Um gato preto brincava.
Arranhava e puxava.
Deitou e rolou.
Se espreguiçou, deitou e rolou.
Com o resto do cadáver.
Um círculo se formou,
De mendigos e desviantes.
Em um ritual delirante.
Um ritual delirante.
Acenderam uma fogueira.
Me colocaram sobre o fogo.
Esperavam, esperavam.
Dançavam e cantavam.
Sorriam, dançavam e cantavam.
Era noite de lua cheia.
E o céu tornou-se púrpura.
Veio então uma chuva ácida.
E a festa macabra se formava.
A festa macabra se formava.
Com uma lâmina improvisada.
Cada um retirou um pedaço.
Uns devoravam.
Outros fornicavam.
Outros fornicavam.
No final, já enebriados,
Coléricos rosnavam.
Cada qual à sua maneira.
Se agrediram e se mataram.
Se agrediram e se mataram.
Enquanto isso, no purgatório,
Vi suas almas, que chegavam.
Aos poucos me alcançavam.
Eternamente me abusaram.
Etrernamente me abusaram.