Noite de Lua Cheia

Caminhava pelas sombras,

Quando um sujeito me abordou.

Me pediu um cigarro.

Disse que não tinha.

Disse que não tinha.

Ele então puxou o revólver.

Atirou em minha têmpora.

Meu corpo desabou.

E o sangue então jorrou.

O sangue então jorrou.

A cabeça no asfalto.

O corpo na calçada.

Os pés sob um bueiro.

Um carro então passou.

Um carro então passou.

Explodiu, portanto o crânio.

Como se fosse melancia.

O tampo já em frangalhos.

E o cérebro se espalhou.

O cérebro se espalhou.

Massa branca e cinzenta.

Coloriam toda a via.

Um olho foi rolando,

E um rato o devorou

Um rato o devorou.

Com minha língua esticada,

Um gato preto brincava.

Arranhava e puxava.

Deitou e rolou.

Se espreguiçou, deitou e rolou.

Com o resto do cadáver.

Um círculo se formou,

De mendigos e desviantes.

Em um ritual delirante.

Um ritual delirante.

Acenderam uma fogueira.

Me colocaram sobre o fogo.

Esperavam, esperavam.

Dançavam e cantavam.

Sorriam, dançavam e cantavam.

Era noite de lua cheia.

E o céu tornou-se púrpura.

Veio então uma chuva ácida.

E a festa macabra se formava.

A festa macabra se formava.

Com uma lâmina improvisada.

Cada um retirou um pedaço.

Uns devoravam.

Outros fornicavam.

Outros fornicavam.

No final, já enebriados,

Coléricos rosnavam.

Cada qual à sua maneira.

Se agrediram e se mataram.

Se agrediram e se mataram.

Enquanto isso, no purgatório,

Vi suas almas, que chegavam.

Aos poucos me alcançavam.

Eternamente me abusaram.

Etrernamente me abusaram.

Rafael Gonçalves
Enviado por Rafael Gonçalves em 13/09/2019
Reeditado em 13/09/2019
Código do texto: T6744506
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