Quando Atlas Fraqueja

Atlas, ó Atlas.

Tu és a grande base.

Fundação de nossa Terra.

Tua força nos inspira.

Dá-nos segurança.

Mas Atlas, ó Atlas.

Um dia já foste perguntado,

qual o limite de tua resistência?

Ainda que com músculos cósmicos,

Tua fibra é finita.

E se esvairá como pó.

Atlas, grande Atlas.

Ó poderoso guardião.

Protege-nos da queda.

Segura-nos em teus braços

Aguenta o peso da existência,

de todos nós, homens.

Mas Atlas, grande Atlas.

Quanto pesa o teu ser?

E quão grande pode ser a tua queda?

Se um dia fraquejar,

Que será de nós?

E o que será de ti?

Atlas, pobre Atlas.

Toda a nossa dor é tua.

E em ti está a nossa esperança.

Por que então ainda nos sustenta?

Se de nada valerá,

Quando soarem as trombetas?

Portanto, Atlas, condenado Atlas.

Tens meu voto, se é que vale,

Para uma vez sequer,

Deixar-se levar.

E em um ato de egoísmo.

Afundar-nos no universo.

Rafael Gonçalves
Enviado por Rafael Gonçalves em 04/10/2019
Código do texto: T6761372
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