Abstração

Abraçam-se amores-carocóis,
quais sombras sensuais do abstrato.
A alma se revela em um retrato
como fosse centelha de dois sóis.

A ceia do artista tinge o prato,
enquanto eriça o seio da paixão,
que, rijo, se entrega à mesma mão
que torna cada risco um mesmo ato.

A poesia brinca em cada traço,
como se apertasse o abraço
até chegar ao ponto de fusão.

E cá, do outro lado da vidraça,
há um poeta grato pela graça
de ter o privilégio da visão.
Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 30/08/2021
Código do texto: T7331861
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.