A um palmo do céu
Subo degrau a degrau
A árida planície
Que eu própria cultivara
Talvez até com uma tal “burrice”
Que eu sem sucesso amordaçara.
Sim, tentei calá-la,
Atirá-la ao rio,
Matá-la;
Mas qual feitio...
Fui de novo buscá-la!?
Um passo adiante,
Um passo a trás,
Para mim já tanto faz...
Sempre a longevidade
Na esperança
De viver na bonança
Do belo e precioso céu!
Ai! Coisas da criança
Que mora dentro de nós
Quando estamos sós,
E nos traz à lembrança
O tempo dos nossos avós,
Em que a amizade
Se dissolvia na sinceridade
E em uníssono,
Numa só voz!
Hoje esse céu
Imaginado e transposto para este papel
É, na verdade,
Um lugar extinto, uma raridade
Desmoronada pelo fel,
Outrora fora mel
Esbanjado, vulgarizado pela humanidade.
A um passo do céu
Bem perto de acreditar
Esteve um Eu que já envelheceu,
Tempos depois faleceu;
Irá ele ressuscitar?