A um palmo do céu

Subo degrau a degrau

A árida planície

Que eu própria cultivara

Talvez até com uma tal “burrice”

Que eu sem sucesso amordaçara.

Sim, tentei calá-la,

Atirá-la ao rio,

Matá-la;

Mas qual feitio...

Fui de novo buscá-la!?

Um passo adiante,

Um passo a trás,

Para mim já tanto faz...

Sempre a longevidade

Na esperança

De viver na bonança

Do belo e precioso céu!

Ai! Coisas da criança

Que mora dentro de nós

Quando estamos sós,

E nos traz à lembrança

O tempo dos nossos avós,

Em que a amizade

Se dissolvia na sinceridade

E em uníssono,

Numa só voz!

Hoje esse céu

Imaginado e transposto para este papel

É, na verdade,

Um lugar extinto, uma raridade

Desmoronada pelo fel,

Outrora fora mel

Esbanjado, vulgarizado pela humanidade.

A um passo do céu

Bem perto de acreditar

Esteve um Eu que já envelheceu,

Tempos depois faleceu;

Irá ele ressuscitar?

artescrita
Enviado por artescrita em 04/12/2005
Código do texto: T80686