Eu árvore...
Eu tinha fome
Eu tinha sede
Sentia medo de morrer nas ruas
Como um mendingo....
Eu roubei
Minha fome não matei,
Mas, foi condenado
O novo reino não gosta de gente como eu....
Enforcado eu fui...
Com os olhos cheios de lágrimas
Implorando perdão,
Eu só queria comer....
A corda fedida e suja de sangue
Se levantou lentamente
Com seus estalos,
Meu ar ia embora....
Tentei gritar....
O povo não queria ver isso
Mijei nas calças,
E minha visão
Foi se escurecendo....
Minha carcaça imunda
Foi jogada em uma cova sem nome
Alguns meninos
Escreveram ladrão sem sorte....
Um jardim será construído
Em cima do meu túmulo de mendigo, ladrão sem sorte...
Uma semente de uma grande árvore,
É plantada nas minhas entranhas...
Como se eu nunca estivesse aqui,
Eles quebraram meu caixão de indigente, violaram meu cadáver podre....
Sem sorte quando vivo,
Sem sorte depois de morto,
Posso ver a semente crescer,
Por todo meu cadáver,
Ainda estou preso aqui....
Sem inferno, sem sonhar com o paraíso,
Apenas aqui, vendo minha carcaça apodrecer,
Agora uma gigante árvore cresce...
É apertado aqui, e angustiante
A grande árvore
Agora sou eu,
Seus filhos da puta,
Eu vou enfeitar seu jardim....
É tão bom sentir o vento,
A chuva, como nunca liguei para isso.
De dia posso respirar.
À noite posso assombrar,
Olhe tolo, como uma árvore pode se mexer.
Olhe tolo maldito!
Como uma árvore pode rasgar você ao meio....
Olhe, olhe, olhe
Como eu louco, convido o escuro para esse lindo jardim...
Veja a névoa caminhar,
Com passos suaves....
Veja a lua ficar da cor do sangue
Meus galhos estão enormes
Em minha copa,
Um ninho de criaturas...
Toda essa dor e locura,
Seu jardim agora é assombrado,
Parabéns, meu rei,
Ainda te espero passear aqui....
Com muitos anos
Consegui formar meu rosto no tronco, mas ninguém se lembra
É claro...
O jardim é puro escuro
Eu árvore no meio,
Uma sensação de vingança
Poder balançar os galhos,
Toda noite escura...
O maldito rei corajoso,
Invadio meu jardim,
Com sua armadura mágica,
Sua espada roubada de outra cultura...
Então ele veio, pisando firme e furioso,
Mas, eu árvore tenho muito mais ódio.
Ao meio eu o parti....
Com armadura mágica e tudo,
Depois as criaturas da noite,
Comerem seu cadáver
Uma pequena menina eu vi....
Empurrando uma espada de madeira
Ela estava...
As criaturas mostraram os dentes,
Mas eu árvore disse pra não atacar...
Não sei por que,
Eu em meus galhos se contorcendo
Olhando aquela pequena menina...
Ela tinha os olhos azuis,
Ninguém aqui tinha isso,
Nem seus pais...
Olhando um pouco mais
Ela conversa com o escuro
Estranha ela é,
Ela sussurra....
Mas como?
Como essa maldita
Pode falar com o escuro que me cobre?
Sua fedelha
Aqui você vai morrer
O escuro me abandona
Sinto como se minha pele,
Tivesse cido arrancada...
Não entendo
Eu moro em um jardim morto,
Secando, morrendo novamente,
Mais dor para esse cadáver condenado....
E como um fantasma ela vem,
O escuro é seu manto,
E todo o resto você conhece,
Eu árvore apodreço....
Aqui está sua dama do escuro, para amar e odiar...
Cristiano de Siqueira 9/5/25