Real

Envolveu-me em seu manto

Na lira de um céu, quase santo

Azulando teu fogo no verde marinho

Tece na seda de minha pele carinhos vadios

Profanos versos que escreve em escarninhos

Querendo sagrar meu coração profano

Assim seduzido arrastou-me amorfo ao ninho

Poesia? Arte? Saber? Alegria?

Me lixo pra toda esta histeria

Quem sabe minha vã sabedoria

Sou um ser devasso livre no espaço

Entre a luz e os segundos do tempo

Ora viajo sem dor nos teus sonhos de amor

Omisso, Apático, Estatico

Deixo-me fluir em sentidos e vertigens

Encaro frente a frente esse teu ser

Ah! Mulher, que rouba minha alma

Em troca me crias a calma

Nessa pecaminosa odisséia do meu viver

Desperto-me sem as sutilezas do voar

Já não tenho a suave leveza do eter

A roubastes no afã de minha vida pregressa

Agora sólido e insólito diante do etéreo

Materializo-me em teu escravo

Perene e sóbrio entrego-te meu eu

Deixando para traz o Deus, sou agora teu.

Zoiudo
Enviado por Zoiudo em 29/10/2008
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