Monólogo de botas-batidas

É, agora eu sei!

Nem o pó no sepulcro me faz jus

muito menos os bens que alcancei,

agora percebi Sua redenção na cruz

É, eu não me lembrava!

o que realmente acompanha o sopro divino,

onde todo o rio sempre deságua,

seja pobre, rico, velho, jovem ou menino

E agora, não posso voltar...

Vieram apenas a lembrança e sentimento

o tempo gasto com o resto, foi despediçar

como um sopro de desabafo na força do vento

E o que ficou que importa?

Meus rebentos, amores e sonhos adiados

lapidados na minha estátua, por quem lembrou

da minha história e do meu, talvez infame, legado

Entendo agora o que importa!

Exaurir, enquanto se tem ossos,

um pouco o que vou deixar no meu legado,

mas sempre o que levarei para o outro lado

E o resto?

O resto é resto!

sumirá no tempo, vai se dispersar

pelos giros que mundo insiste em dar...