Arrarrarrarrarrarra...

Arrarrarrarrarra...

Esse é o meu deboche longe da máscara cortêz.

Ouçam-me, pobres surdos.

Eu não sou um poeta, mas sempre tenho algo a dizer.

Queiram ouvir, bandidos.

Saqueadores dos sonhadores antigos...

Desta vez não vim com métricas e rimas baratas...

Tampouco quero pular as linhas com versos desconexos...

As pautas merecem uma voz.

Portanto ouçam:

Desta folha caiada em que se permite riscar;

Deste papel impoluto em que a mão surpreende a vaidade vã...

A única e cruel de todas as coisas que amedrontam a Deus...

A querida e nunca sentida por completa;

A proclamada e burlada pelo cárcere do medo...

A liberdade!

Esta é a minha musa de todos os versos que mata o meu poeta...

Ela é a que me faz morrer antes de todos e viver longe daqui.

Poucos a conhecem e já se deitaram com ela...

Os medrosos nunca a terão em sua nudez libidinosa...

E nesta folha pálida em que há o seu nome,

Há também a minha voz presunçosa e incompreendida.

Fodam-se, malditos.

E seus medos os conduziram para o inferno...

E serão todos lançados para baixo como poeira da ampulheta;

Deixem suas cinzas para as árvores dos cemitérios

E fora do ataúde deixem a folha de papel com a voz ecoante...

Ouçam e se ousarem dizer gritem para que vocês mesmos possam ouvir...

Os fantasmas estão soltos querendo gritar...

Lancem-se também na noite e na brisa da manhã...

E no final risquem o papel outrora morto.

Aqui só se permite os que não têm medo

E os que têm algo a dizer.

Deus que me venha dar as nádegas para boas palmadas...

E as suas bundas levantem-na para correr.

Eu já estou aqui, pretensioso para ir mais longe.

E suas lentes embaçadas nunca os permitirão enxergar

Senão quando a própria liberdade quebrar os seus óculos.

E da emoção que restar agora, agradeçam-me.

Eu já ri o bastante.

Washington Machado
Enviado por Washington Machado em 16/04/2010
Código do texto: T2201695
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