Mãe

Vou ver se consigo inventar

Novas cores e aromas,

Novos amores.

Vou ali dentro ver se invento

Novos sabores e pratos,

Novo alimento.

Vou colocar novas roupas,

Cortinas, toalhas,

Vou ver se não molho tanto o meu lenço,

Se acalento algum sonho,

Se descanso um pouco na rede,

Leio um livro, faço uma prece,

Se ando um pouco no quarteirão,

Tomo um pouco de sol.

Será que ainda chamo os vizinhos?

Adianta esticar a prosa,

Pôr um disco, olhar a rua,

Procurar um amigo, alheio abrigo?

Mãe, que desespero é esse

E angústia e dor

De tudo e nada querer mudar?

Em tudo a senhora está,

Não quero nem devo esquecer,

Só quero tocar a vida

Ou deixar que ela vá.

Sei que a senhora vai comigo

Nas lições que em tudo deixou,

No esmero com que preparou

Cada dia do nosso viver.

Vai um pouco de mim nas coisas

Que juntas fizemos, falamos,

Nas risadas que demos,

Nas orações que rezamos,

Na Palavra que buscamos.

Em tudo, Mãe,

Há um pouco de nós

E dos nossos.

A senhora, mais perto de Deus,

Nós, apertando o passo, o peito, os olhos

A ver o caminho

Agora mais triste,

Mas sabendo que existe

Um Deus que nos une

Na Comunhão dos Seus.

Então nossos andares se cruzam,

Então a constatação, a Luz:

Estamos na mesma Estrada,

Faremos as mesmas paradas,

Viradas, contorno,

Em torno da mesma Mesa;

Faremos preces de intercessão

E agradecimento; entoaremos

Hinos de louvor e graça,

Partilharemos Pão e banquete

Quantas vezes quisermos,

Quem o diz, Mãe, é Jesus!

Neusa Storti Guerra Jacintho
Enviado por Neusa Storti Guerra Jacintho em 06/01/2011
Código do texto: T2712741
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