Biografia do medo

Em sua gênese o lampejo

O vulto envolto ao parido

Cresce anexo à descoberta

Total cúmplice do desejo

Embrenha-se à ousadia da inocência

E na fase da desobediência

É quando às escondidas

Foge do castigo, que de tão antigo

Dá mãos à palmatória

Pois a oratória não se faz eficaz

Ao se unir ao abuso

Fica em desuso

Pois seu fiel escudeiro,

O bom senso, grande amigo,

Não se sabe o paradeiro

Quiçá saíste a flertar

Algo novo a buscar

Mas a mente que te pertence

O ser que te controla

Ainda é seu hospedeiro

E não vive sem...

Controversa é sua intensão

- com ímpeto questiona a coragem

Da antipatia que tu crias

De certo, se vê vantagem

Para ti, indispensável

Para o culto, pusilanimidade

Para o ser, um sentimento

Para o herói, tu és covarde

Fato é que nenhum ser lhe é alheio

E para que não haja constrangimento

Pare e pense um momento:

O medo bebe do seu próprio vinho

Tudo flui a um só caminho

Quando a morte bate à porta,

Como um pássaro em revoada,

Do ser que te acolhe

Roubando-te tua morada.

É quando o medo esmorece...

Marco Dorta
Enviado por Marco Dorta em 22/01/2013
Código do texto: T4099030
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