silêncio

Distantes um do outro,

sabiam de si mas não queriam saber.

Sabiam do amor, mas não queriam amar.

Sabiam dizer, mas não queriam falar.

Dizia um poeta que o silêncio fala mais que mil palavras,

e naquela eternidade

eles nunca fizeram menção de quebrá-lo.

Um muro, um oceano.

Silêncio.

Os olhos que já não se vêem,

as mãos que já não se tocam,

os braços que já não se abraçam

e os peitos descompassados por falta de passos não dados.

E o oceano,

e as ondas revoltas,

as rochas,

as ondas quebrando.

Metafisicamente unidos,

corpos envolvidos por uma mágica desdizente,

no silêncio do leito do mar.

Na noite escura e fria,

sentiu pela primeira vez o que era o amor verdadeiro.

Sorriu,

sentiu,

deixou.

De longe,

bem de longe,

sentiu o suspiro a tocar-lhe o pescoço,

e a certeza do amor silencioso.

E então deitou.

E dormiu.

E sonhou.

Mais uma estrela cadente no céu.

Mariana Villa Real
Enviado por Mariana Villa Real em 08/05/2007
Reeditado em 09/05/2007
Código do texto: T478927
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