Libertações

A lágrima escorre lenta

Releitura do coração

Tantas vezes partido

Por amores e facas

Por temores e pétalas

Ou seriam os espinhos?

As recordações vem

Revisitar tantas dores

Tantos futuros inimaginados

Vividos e esperados

Aquela chama cálida

Que no fundo do baú de Pandora

Era vela, era lâmpada, ela fagulha

Quem diria que aprendeu a tocara flauta

A usar a panela e a agulha

A desprender rimas

E pincéis em cores de tormentas magníficas

Ou casulos enredados

sem saber qual inseto se transmuta

Não seria a lagarta listrada

Nem talvez as papillons sem asas

Mas o casulo aos poucos se rompe

Desaperta

Desoprime

Em cada palavra relida

Cada memória revisitada

Do pó retornamos e conectamos

Os pensamentos soltos em palavras

Será que entendemos

O que eu também não entendo?

A lua que regia minhas marés

Agora é plantada a cada mês

O sol que cegava e queimava

Está tatuado nas costas dela

Em mim as flores e as cores

Os olhos ainda são verdes-castanhos

Por trás dos óculos

Os cheiros ainda transportam

Memórias na poeira da ventania

Ou na poeira de estrelas

As teias da vida se desembramam

É santo o Brahman

Que veio que nem saci

Shivar o que está estagnado

Soltar o verbo

Soltar o dedo

Silenciar a boca

E o coração

Que agora se embala

Permitindo

Perdão

Manuela Salles
Enviado por Manuela Salles em 15/12/2017
Código do texto: T6199298
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