Libertações
A lágrima escorre lenta
Releitura do coração
Tantas vezes partido
Por amores e facas
Por temores e pétalas
Ou seriam os espinhos?
As recordações vem
Revisitar tantas dores
Tantos futuros inimaginados
Vividos e esperados
Aquela chama cálida
Que no fundo do baú de Pandora
Era vela, era lâmpada, ela fagulha
Quem diria que aprendeu a tocara flauta
A usar a panela e a agulha
A desprender rimas
E pincéis em cores de tormentas magníficas
Ou casulos enredados
sem saber qual inseto se transmuta
Não seria a lagarta listrada
Nem talvez as papillons sem asas
Mas o casulo aos poucos se rompe
Desaperta
Desoprime
Em cada palavra relida
Cada memória revisitada
Do pó retornamos e conectamos
Os pensamentos soltos em palavras
Será que entendemos
O que eu também não entendo?
A lua que regia minhas marés
Agora é plantada a cada mês
O sol que cegava e queimava
Está tatuado nas costas dela
Em mim as flores e as cores
Os olhos ainda são verdes-castanhos
Por trás dos óculos
Os cheiros ainda transportam
Memórias na poeira da ventania
Ou na poeira de estrelas
As teias da vida se desembramam
É santo o Brahman
Que veio que nem saci
Shivar o que está estagnado
Soltar o verbo
Soltar o dedo
Silenciar a boca
E o coração
Que agora se embala
Permitindo
Perdão